sábado, 29 de março de 2014

ACDE (a culpa é das estrelas)


Autor: John Green
EditoraIntrínseca
Comprar: Cultura
Classificação:  

O céu estava cinzento e nublado, mas não chovia ainda. Desliguei quando ouvi a voz do Augustus na saudação da caixa postal e coloquei o telefone no chão ao meu lado. Continuei olhando para o balanço, pensando que eu abriria mão de todos os dias doentes que me restavam em troca de poucos saudáveis. Tentei me convencer de que poderia ser pior, que o mundo não era uma fábrica de realização de desejos, que eu estava vivendo com câncer e não morrendo por causa dele, que eu não deveria deixar que ele me matasse antes da hora, e aí comecei a murmurar idiota idiota idiota idiota idiota idiota sem parar até que o som da palavra se desassociou do seu significado.


Oi, gente! Passamos um tempo sumidas, não é? Houve tanta coisa acontecendo que ficou impossível postar nesse período. Mas, aos pouquinhos, estamos voltando. Muitos livros foram lidos e, como não podia deixar de ser, há resenhas e promoções "na agulha". Para retomar, escolhi falar de A Culpa é das Estrelas, que li há um mês aproximadamente. Confesso que relutei muito para ler esse livro, eu lia os comentários sobre ele, via uma ou outra resenha... E me sentia completamente sem vontade de ler, porque imaginava uma trama extremamente dramática, daquelas tão tristes que deprimem o leitor (sou exagerada, né?)...

Mas A Culpa é das Estrelas me surpreendeu. Não sei se positiva ou negativamente (hehehe)...

Como todos sabem, o enredo gira em torno do romance entre Hazel e Augustus (Gus). Ela tem um câncer de tireóide, com metástase nos pulmões, porém sua doença está relativamente controlada, graças a um medicamento experimental. Ele teve um câncer no osso e precisou amputar a perna. Trágico, não é? E a situação se torna ainda mais trágica se pensarmos que os dois não passam de adolescentes, que deveriam estar "começando a viver".

No entanto, toda essa tragédia não impede que os dois se apaixonem. Eles se conhecem em um grupo de apoio a jovens com câncer, um dos poucos lugares que Hazel frequenta, já que, nos últimos três dos seus dezesseis anos de vida, sua socialização reduziu à medida que a doença avançava. Ela teve que deixar a escola e passa boa parte do tempo em casa, assistindo à tv. Apesar disso, a garota não faz a linha "estou sempre deprimida, pois a vida é cruel". Isso também não significa que a possibilidade de morte iminente não a afete em nada.

O que se pode constatar, durante a leitura, é que Hazel se conformou com o seu destino. Porém a vida lhe reservou uma adorável surpresa, quando permitiu à menina viver um amor, coisa que ela já não esperava. Evidentemente, as coisas não são fáceis. Alguns conflitos precisam ser superados (vale a pena fazer alguém feliz para abandonar esse alguém em seguida?) e alguns pontos precisam ser esclarecidos (um motivo muito especial chamou a atenção de Gus para Hazel... Qual seria?). Mas os jovens estão dispostos a enfrentar isso e muito mais.

Bem, preciso admitir que, mesmo com todos esses ingredientes para "choro na certa", eu não me emocionei tanto quanto esperava, o que, para mim, foi um alívio, mas, para alguns leitores que também não tiveram essa forte emoção, foi um decepção... Na verdade, houve um determinado momento em que até me senti cansada do livro, pois achei que a trama estava ficando muito inverossímil... Todavia eu resisti ao impulso de abandonar e continuei a leitura, firme e forte. Valeu a pena. No final das contas, a parte "chatinha" foi relativamente rápida e o livro, no geral, é muito fofo, emocionante, mas sem dramas desnecessários para uma situação que por si só já é dramática. Não chegou a se tornar um dos meus livros favoritos, mas me conquistou. Recomendo.

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